quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Projeto LeiturAção: o outro passo da dança - Escola Olímpio Vianna Albrecht - Prefeitura Municipal de São Leopoldo


O OUTRO PASSO DA DANÇA DE CAIO RITER



O livro trata-se do trio A-Bê-Cê. Grandes e inseparáveis amigos desde a infância, Ana Lúcia, Bernardo e Celina mostram uma realidade que raramente existe hoje em dia. Se existe alguma amizade forte e sadia que aceita os outros sem preconceito, este é o pico da relação entre o trio e deve ser mantido. A vida de Ana Lúcia, uma excelente bailarina, chega ao ponto de quase se findar ao descobrir uma bala em sua coluna. A bala (perdida?)encontrou Ana (será que existem balas perdidas em nosso país?). Foi um assalto. Ela estava saindo ao encontro de sua mãe, Beatriz, a qual era muito apegada, quando o referido acontece. Este fato mudou completamente a sua vida. Acertou a coluna e tirou definitivamente a mobilidade de suas pernas. Como iria à escola, vendo todos a enxergá-la como uma estranha? Como encarar seus amigos e dizer que não foi nada? Como levar uma vida normal? Como uma bailarina dança sem ter como dançar? As pernas são extremamente necessárias neste tipo de atividade!


SERÁ??? ........


Bernardo também é um bailarino. Mas é dentro de casa que nasce seu problema, como aquele ditado que diz "os inimigos são os da tua própria casa"(Miquéias 7:6). Seu pai lhe encara como uma "mulherzinha" - não tolera "macho" dançando balé, algo semelhante à relação entre pai e filho no filme "Sociedade dos poetas mortos". Não existe uma boa relação entre Bernardo e seu pai. Não se falam. É! É sério mesmo!E como se fosse só...Não! Na escola também sofre preconceito. A turma do Moicano - uma turminha da pesada que vive esculachando os outros e banca uma de "machâo" - é uma que contribui muito para o seu fracasso. Murilo também acabou afastando-se de seu melhor amigo, Bernardo. Bastaram algumas acusações de que ele estava para lá e para cá com um bailarino, que ele entrou na conversa e resolveu separar-se de Bê pra não "queimar seu filme". O que iria pensar Maria Eduarda, sua namorada?

Ora, isso eu não esperava de um melhor amigo! Mas foi o que aconteceu. Só que, bem no fundo, ele sentia muita falta de Bê em sua vida. E calava.

Celina não era tão bonita, mas não servia para feia. Vamos dizer assim: não era vaidosa. Só isso! E o que há de mal em não se preocupar tanto com a estética? Sua mãe achava o fim do mundo! Daquelas que têm a pele branca, cabelo liso, olhos claros e nenhum tipo de imperfeição, sabe? Essa era Denise, pode-se dizer, sua mãe. Pietro, o pai de Cê, adora a mulher, embora estejam separados. Celina é a única menina do colégio que mora com o pai, o que vem a se tornar uma frustração, embora não considere tão agradável a presença da mãe. Denise é do tipo que se produz toda para ir ao mercado -se é que vai ao mercado - e vive por aí, a cada dia com um novo namorado. Sempre um rapagão, musculoso... Mas nunca dura uma relação! E não faltam reclamações pra baixar o astral da Cê. Como é uma mãe vaidosa, prefere cuidar da beleza da filha também.

Enfim, peripécias a parte, convém relembrarmos o acontecimento mais trágico vivido entre o trio A-Bê-Cê, no decorrer da história: a bala perdida que acertou Ana Lúcia, imobilizando suas pernas e, consequentemente, seu sonho.

A adolescente teve que enfrentar vários problemas por aquelas pernas que não eram mais suas. Quer dizer, ela tinha pernas, mas era como se não as tivesse! Seus grandes amigos enviavam-lhe torpedos e ligavam, mas a vergonha e o medo impediam que ela se aproximasse deles ou que procurasse conservar uma amizade verdadeira. Ficava em casa o dia inteiro. Passava os dias trancada no quarto, acariciando Nijinski, seu cachorro. Às vezes passava a ouvir histórias de terror, contadas pela avó. Apesar das dificuldades, um dia teria que aprender a conviver com a realidade... E foi o que aconteceu! Voltou às aulas - com muito medo - e fugiu dos comentários que passaram a existir. Filósofo, um colega seu, foi quem esteve ao seu lado o tempo todo, dando-lhe o apoio necessário, nos momentos mais difíceis. Ana Lúcia sentia-se como Elisabeth - uma personagem de uma história que a avó havia lhe contado -, sentia medo, tinha vergonha! Mas isso não durou muito tempo!Apesar de se sentir muito estranha com aquelas "pernas-cadeira" tinha que aceitar não haver recuperação.

E é assim que acontece na nossa vida:antes de qualquer coisa, devemos tratar de ser felizes, e somente as pernas que existem dentro da gente -as que movem os passos do nosso coração - já completam o serviço. Essas pernas, sim, têm que estar sempre com bastante mobilidade, pois não se sabe o que há por vir. Não se prevê o futuro.

E se o coração as fizer trancar?

(...)

Fabiana Hallmann de Paula e Giovanna Zoppas Pierezan

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