sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Qual o verdadeiro desafio da escola de hoje?

Será que existe um modelo de escola ideal para os dias de hoje? Certamente essa não é uma pergunta muito fácil de ser respondida, pois, assim como define Morin (1992), vivemos hoje um momento de incertezas, geradas, sobretudo, pelo progresso e pela técnica. Num conflito entre sociedade e escola, porém ambas vistas como essenciais para o desenvolvimento humano. Pensar na sociedade de hoje, é pensar antes e sobretudo no berço que a conduz: a família. Falar de família é também falar de valores e limites. E o grande desafio da escola de hoje é: ensinar e educar. O professor, dessa forma, deve ser um mestre-educador. Alguém que ultrapassa as fronteiras do saber, que consegue criar, dentro da sala de aula, um espaço de convívio familiar. Não digo que ele fará o papel de pai e mãe, mas precisará usar o diálogo, para que possa ensinar e adaptar os conteúdos à experiência de vida dos educandos.

É no resgate da experiência que damos o verdadeiro sentido à escola. A escola vista como construção, a partir da reconstrução dos nossos próprios princípios e valores, e essa reconstrução pressupõe um respeito às mudanças que se firmam diariamente pelo grande acúmulo de informações, as quais, por sua vez, exigem um novo ritmo de vida. Hoje vivemos num ritmo de pressa, numa corrida interminável, numa ânsia de conquistar em pouco tempo aquilo que nossos pais levaram, muitas vezes, anos para adquirir. Não é difícil entender por que vivemos num estado de desejo permanente. Cada dia mais os comerciais de televisão deparam-nos com novas situações. São novos objetos de consumo que deverão fazer parte de nosso cotidiano, caso contrário corremos um sério risco de ficarmos “fora de moda” ou fora de um grupo social.

Assim, na verdade, a nossa angústia diária é traduzida como um medo de isolamento. Temos medo que nosso ato anti-consumista venha a nos afastar desse convívio “fantástico” que, na verdade, pode ser considerado como o mundo das aparências. O mundo onde a expressividade está acima da verdadeira essência das coisas. Carecemos de autoafirmação e, por isso, valorizamos o consumismo e criamos a ilusão do bem-estar. Porém, findo o objeto da moda, temos que voltar a consumir, afinal não podemos ficar desatualizados, não é mesmo? Mas daí vem o grande desafio de nós educadores, e deixo uma pergunta de reflexão: como ensinar os valores e limites dentro de uma sociedade que progressivamente vem transformando valores em objetos?

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